WATSON, T. E. Bebês devem ser batizados? 1ª Ed. São José dos Campos - SP: Ed. Fiel, 1999.
Batizar crianças é uma prática que
tem fundamento bíblico? A grande maioria dos reformados entende que sim, embora
não sejam muitas vezes capazes de apresentar esse fundamento de uma maneira
simples e objetiva. Seguindo uma direção contrária a grande maioria dos
reformados, T. E. Watson procura demonstrar em seu livro, “Bebês devem ser batizados?”, que não existe base bíblica para a
prática do batismo infantil entre os reformados.
É interessante observarmos que Thomas
E. Watson fora inicialmente um pedobatista. Ele começou a trilhar o caminho do
pedobatismo para o credobatimo enquanto se preparava para o ministério
anglicano. Nesse processo preparatório, ele começou a questionar a posição da
Igreja Anglicana quanto à regeneração batismal, bem como a visão de muitos puritanos
sobre o batismo infantil. Convencido pelas Escrituras, pela própria falta de
consenso entre aqueles aceitavam o batismo infantil na defesa do assunto e
também pela percepção de que o batismo não era algo de menor importância, Watson
veio a rejeitar cada ponto ofertado em defesa do batismo infantil.
O livro de Watson e justamente uma refutação desses
pontos apresentados em defesa do batismo infantil. O método consiste
basicamente na apresentação e refutação de cada um desses pontos. É nesse
processo que Watson demonstra, além da falta de base bíblica em defesa do
batismo infantil, a incongruência dos argumentos de seus defensores.
Os primeiros cinco capítulos são
organizados em forma de perguntas: Os Judeus batizavam criancinhas? João Batista
batizava criancinhas? Jesus batizava criancinhas? Jesus ordenou o batismo de
criancinhas? Os apóstolos batizaram criancinhas? Não encontrando uma resposta
positiva para esses questionamentos, Watson prossegue no próximo capítulo – o sexto
– em busca de evidências indiretas, ou seja, alguma fonte bíblica que pudesse
servir de base indireta para a prática do batismo infantil. Assim, Watson procede
a uma análise de dois textos amplamente utilizados em defesal do batismo infantil nesse sentido – 1 Coríntios
714 e Colossenses 2.11-12 – mas não encontra qualquer evidência indireta nesses
textos que justifique tal prática.
Os próximos passos de Watson é
demonstrar que não faltam apenas fontes indiretas no Novo Testamento em apoio
ao batismo infantil, mas que o batismo infantil, além de não ser autorizado
pelo Novo Testamento é inconsistente com essa porção da Sagrada Escritura.
Após analisar no capítulo 9 o frágil argumento
da antiguidade em defesa do batismo, demonstrando que a prática de batizar crianças
veio a ser uma realidade no ceio da igreja por volta do II século e mesmo assim
questionada por Tertuliano de Cartago, Watson passa a análise dos argumentos do
Antigo Testamento, do argumento da Igreja de Charles Hodge e do argumento
"aliança" JG Vos ".
No primeiro argumento, a base para a
ordenança do batismo infantil está no Antigo Testamento e não no Novo, como
deveríamos esperar. O segundo argumento, de certa forma, apóia-se num conceito
de igreja que temos dificuldades de encontrar nas Escrituras, principalmente no
Novo Testamento onde as sobras, segundo a tradição neotestamentária, se
dissipariam. O último, por sua vez, desenvolve um conceito de aliança não menos
fácil de assimilar para que os infantes possam, finalmente, ser batizados.
Nos últimos dois capítulos, Watson
apresenta um toque mais pessoal ao seu trabalho. Ele declara que o batismo infantil
é um retrocesso, visto que procura apoio onde não deveria buscar, como, por
exemplo, na relação de hereditariedade presente no Antigo Testamento e tão
preservada pelos fariseus na época de Jesus. Além disso, na visão de Watson o
batismo infantil também causa uma serie de males, pois trai a causa da Reforma,
distorce o significado do batismo cristão, destrói a maneira correta de
professar a fé em Cristo ao criar uma falsa esperança e desonram o nome de
Cristo.
Watson após chamar os seus leitores a
uma reflexão sobre o tema e ainda a uma releitura de sua obra, caso não estejam
convencidos de que batizar crianças fere a sã doutrina, conclui dizendo, para
aqueles que entenderam a questão, que o batismo infantil não é o batismo
cristão, que essa prática deve parar e que cabe ao verdadeiro discípulo de Cristo
e trabalhar para isso.
A obra de Watson ainda conta com três
apêndices. O primeiro trata sobre a prática de abençoar bebes. O segundo é uma
espécie de re-análise do argumento da antiguidade. O terceiro, extremamente
interessante, mostra a incongruência entre a definição de batismo apresentada
na Confissão de Fé de Westminster e a prática do batismo infantil.
A obra de Thomas E. Watson é extremamente útil para aqueles que desejam compreender um pouco mais as questões envolvidas no batismo infantil e as bases onde ele tenta se estabelecer.
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Autor: Hebert Leonardo Borges de Souza, ministro batista, bacharel em teologia pelo Seminário Teológico Batista Nacional de Pernambuco e licenciado em física pela Universidade Federal Rural de Pernambuco.
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