sábado, 18 de janeiro de 2014

Bebês devem ser batizados?


WATSON, T. E. Bebês devem ser batizados? 1ª Ed. São José dos Campos - SP: Ed. Fiel, 1999.

Batizar crianças é uma prática que tem fundamento bíblico? A grande maioria dos reformados entende que sim, embora não sejam muitas vezes capazes de apresentar esse fundamento de uma maneira simples e objetiva. Seguindo uma direção contrária a grande maioria dos reformados, T. E. Watson procura demonstrar em seu livro, “Bebês devem ser batizados?”, que não existe base bíblica para a prática do batismo infantil entre os reformados.

É interessante observarmos que Thomas E. Watson fora inicialmente um pedobatista. Ele começou a trilhar o caminho do pedobatismo para o credobatimo enquanto se preparava para o ministério anglicano. Nesse processo preparatório, ele começou a questionar a posição da Igreja Anglicana quanto à regeneração batismal, bem como a visão de muitos puritanos sobre o batismo infantil. Convencido pelas Escrituras, pela própria falta de consenso entre aqueles aceitavam o batismo infantil na defesa do assunto e também pela percepção de que o batismo não era algo de menor importância, Watson veio a rejeitar cada ponto ofertado em defesa do batismo infantil.

O livro de Watson e justamente uma refutação desses pontos apresentados em defesa do batismo infantil. O método consiste basicamente na apresentação e refutação de cada um desses pontos. É nesse processo que Watson demonstra, além da falta de base bíblica em defesa do batismo infantil, a incongruência dos argumentos de seus defensores.

Os primeiros cinco capítulos são organizados em forma de perguntas: Os Judeus batizavam criancinhas? João Batista batizava criancinhas? Jesus batizava criancinhas? Jesus ordenou o batismo de criancinhas? Os apóstolos batizaram criancinhas? Não encontrando uma resposta positiva para esses questionamentos, Watson prossegue no próximo capítulo – o sexto – em busca de evidências indiretas, ou seja, alguma fonte bíblica que pudesse servir de base indireta para a prática do batismo infantil. Assim, Watson procede a uma análise de dois textos amplamente utilizados em defesal  do batismo infantil nesse sentido – 1 Coríntios 714 e Colossenses 2.11-12 – mas não encontra qualquer evidência indireta nesses textos que justifique tal prática.

Os próximos passos de Watson é demonstrar que não faltam apenas fontes indiretas no Novo Testamento em apoio ao batismo infantil, mas que o batismo infantil, além de não ser autorizado pelo Novo Testamento é inconsistente com essa porção da Sagrada Escritura.

Após analisar no capítulo 9 o frágil argumento da antiguidade em defesa do batismo, demonstrando que a prática de batizar crianças veio a ser uma realidade no ceio da igreja por volta do II século e mesmo assim questionada por Tertuliano de Cartago, Watson passa a análise dos argumentos do Antigo Testamento, do argumento da Igreja de Charles Hodge e do argumento "aliança" JG Vos ".

No primeiro argumento, a base para a ordenança do batismo infantil está no Antigo Testamento e não no Novo, como deveríamos esperar. O segundo argumento, de certa forma, apóia-se num conceito de igreja que temos dificuldades de encontrar nas Escrituras, principalmente no Novo Testamento onde as sobras, segundo a tradição neotestamentária, se dissipariam. O último, por sua vez, desenvolve um conceito de aliança não menos fácil de assimilar para que os infantes possam, finalmente, ser batizados.

Nos últimos dois capítulos, Watson apresenta um toque mais pessoal ao seu trabalho. Ele declara que o batismo infantil é um retrocesso, visto que procura apoio onde não deveria buscar, como, por exemplo, na relação de hereditariedade presente no Antigo Testamento e tão preservada pelos fariseus na época de Jesus. Além disso, na visão de Watson o batismo infantil também causa uma serie de males, pois trai a causa da Reforma, distorce o significado do batismo cristão, destrói a maneira correta de professar a fé em Cristo ao criar uma falsa esperança e desonram o nome de Cristo.

Watson após chamar os seus leitores a uma reflexão sobre o tema e ainda a uma releitura de sua obra, caso não estejam convencidos de que batizar crianças fere a sã doutrina, conclui dizendo, para aqueles que entenderam a questão, que o batismo infantil não é o batismo cristão, que essa prática deve parar e que cabe ao verdadeiro discípulo de Cristo e trabalhar para isso.

A obra de Watson ainda conta com três apêndices. O primeiro trata sobre a prática de abençoar bebes. O segundo é uma espécie de re-análise do argumento da antiguidade. O terceiro, extremamente interessante, mostra a incongruência entre a definição de batismo apresentada na Confissão de Fé de Westminster e a prática do batismo infantil.   

A obra de Thomas E. Watson é extremamente útil para aqueles que desejam compreender um pouco mais as questões envolvidas no batismo infantil e as bases onde ele tenta se estabelecer.

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Autor: Hebert Leonardo Borges de Souza, ministro batista, bacharel em teologia pelo Seminário Teológico Batista Nacional de Pernambuco e licenciado em física pela Universidade Federal Rural de Pernambuco.    

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